2012



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A cada dia de nossa vida, aprendemos com nossos erros ou nossas vitórias, o importante é saber que todos os dias vivemos algo novo. Que o novo ano que se inicia, possamos viver intensamente cada momento com muita paz e esperança, pois a vida é uma dádiva e cada instante é uma benção de Deus FELIZ 2012!!!
"Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender" (Augusto Cury)

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É Brincando que se adquiri conhecimento!

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terça-feira, 14 de junho de 2011

MARIA BORJA SOLÉ

Uma vida dedicada ao brincar


Maria Borja Solé foi uma das precursoras da organização de brinquedotecas como espaços educativos públicos.

Foi assessora das primeiras brinquedotecas da Catalunha, ponto de referência para as outras comunidades espanholas que vinham visitá-las.

"Iniciamos uma docência específica para profissionais em diversos Institutos de Ciências da Educação, universidades e outras instituições", recorda a educadora.

Em Portugal, ela trabalhou para a Fundação Calouste Gulbenkian e para o Instituto de Arte Contemporânea (IAC).

"No verão de 1975, comecei o trabalho na América Latina com o México, depois Argentina, Brasil, Peru, Cuba, Colômbia, El Salvador e outros países em que tive a sorte de ministrar conferências, docência específica, realizar ou assessorar brinquedotecas e projetos lúdicos", conta.

Nesta entrevista, concedida por e-mail, ela fala sobre a sua trajetória e a importância do brincar, além de dar orientações acerca de como montar uma brinquedoteca.

Como a senhora iniciou seu trabalho com o jogar e o brincar?

Eu era mãe de três filhos com idades entre 2 e 7 anos. Fiquei doente e passei uns dias assistindo à televisão. Era época de Natal e presentes. Pude ver uma infinidade de anúncios equivocados sobre a necessidade de brinquedos que os pais "deviam" comprar. Por outro lado, estava fascinada com a palavra brinquedotecas [em espanhol, ludotecas]. Sonhava com suas possibilidades e então me propus a trabalhar em prol do jogo infantil, estimulado com brinquedos e materiais lúdicos públicos de qualidade.

CONFIRA A ENTREVISTA
PARA REVISTA PÁTIO-EDUCAÇÃO INFANTIL

Ano IX - Nº 27 - Brincar e aprender - Abril a Junho 2011

Como foi sua trajetória a partir de então?

Decidi que ia estudar o planejamento de uma rede de brinquedotecas na Catalunha, na Espanha e na Península Ibérica, para separar o jogo infantil do consumo de brinquedos, porque as crianças precisam estimular seu potencial lúdico com brinquedos, espaços e propostas de qualidade, que nem sempre podem ou devem ser comprados pela família. Os anúncios de televisão obrigavam os pais a gastar o dinheiro do qual talvez nem pudessem dispor comprando brinquedos eventualmente sexistas e com pouca ou nenhuma possibilidade de jogo. Naquele momento, não havia nenhuma instituição que fomentasse o jogo infantil de qualidade, a necessidade de jogar por jogar, o jogo que permite à criança desfrutar, experimentar, criar e crescer.


A senhora obteve apoio do poder público e da sociedade?

Era preciso pesquisar sobre os bons brinquedos e planejar uma rede de brinquedotecas para toda a população infantil que favorecesse, em primeiro lugar, as crianças mais carentes e necessitadas, as crianças de classes com menos recursos econômicos e culturais, as crianças com problemas pessoais e sociais. Fiz pesquisas nesses campos e apresentei minha tese de doutorado, intitulada Estudo para a implantação de uma rede de brinquedotecas na Catalunha, à Universidade de Barcelona, e, ao mesmo tempo, ao governo da Catalunha para levar adiante a criação de uma rede de brinquedotecas planejada. Tive sorte, pois na universidade obtive nota máxima, e os políticos do momento, tanto na Catalunha quanto no município de Barcelona, também me deram todo o apoio.


Que diferença existe entre jogar e brincar?

As palavras jogo e brinquedo costumam ser utilizadas indistintamente no Brasil, embora brincar e brinquedo correspondam a atividades mais livres e incertas praticadas sobretudo pelas crianças. A palavra jogo implica situações e regras mais estruturadas, nem sempre exclusivas da infância.


Quais são as teorias mais significativas sobre jogar e brincar na educação infantil?

Não vou detalhar as muito diversas e muito difundidas teorias do jogo, mas sim indicar que me posiciono entre aqueles que afirmam que o jogo é uma preparação para a vida adulta, apostando nos jogos de acomodação aos costumes socioculturais, e aqueles que defendem os jogos emancipatórios, entendendo o jogo como liberdade para a criação e a inovação. Acredito na complementaridade dos dois tipos de jogos e, portanto, na equilibrada estimulação e prática de ambos nas brinquedotecas.


Em seus trabalhos, a senhora fala em jogo humano. Qual o significado desse conceito?

O jogo é uma atividade realizada na primeira etapa de vida pelos mamíferos superiores: ratos, golfinhos, macacos, etc. Qual a criança que não brincou com cachorros ou gatos nos primeiros meses de vida? Falar de jogo humano é uma maneira de centrar a capacidade lúdica dos mamíferos na ludicidade própria de nossa espécie, dando-lhe especificidade e mostrando que ele tem uma singularíssima importância para o desenvolvimento da pessoa.


Existe uma relação entre o brincar e o desenvolvimento cerebral?

As espécies mais evoluídas, isto é, com maior capacidade de aprender, utilizar instrumentos ou interpretar o mundo, são aquelas que brincaram mais horas em sua infância. De fato, existe uma correlação positiva entre o peso e complexidade da massa cerebral, a posição que cada espécie ocupa na escala animal e a complexidade e duração do tempo de brincadeira na infância de cada espécie. Assim, os ratos brincam nos primeiros dias de vida, os gatos ou cachorros nos primeiros meses e as pessoas nos muitos anos de infância e para sempre. Essa duração e essa capacidade lúdica distintas nas diferentes espécies incidem no desenvolvimento ou na evolução de cada uma delas. Na espécie humana, quanto mais brincarmos na infância - em qualidade e quantidade -, mais possibilidades teremos na vida adulta, porque o brincar incide no desenvolvimento das possibilidades pessoais: habilidades, capacidades, inteligências múltiplas e competências com que nascemos e das quais precisamos ao longo da vida.


As propostas de educação infantil contemporâneas contemplam o jogo, ou cada vez mais o conteúdo escolar tem prioridade? O jogo é um fim ou um meio no currículo da educação infantil?

Ao menos no que se refere aos currículos de educação infantil de meu país e dos países europeus em geral, podemos afirmar que, de 0 a 3 anos, predomina o jogo como fim e, de 3 a 6 anos, o jogo vai progressivamente se convertendo em um meio para alcançar os objetivos educacionais.


Qual é o papel do jogo na formação docente?

Na Universidade de Barcelona, e em muitas outras universidades de diversos países, valoriza-se cada vez mais a formação lúdica, em nível teórico e prático, dos professores de educação infantil. Infelizmente, nem sempre podemos dizer o mesmo dos currículos dos professores de ensino fundamental e médio, salvo honrosas exceções, que são cada vez mais diversas e numerosas.


O que é preciso para organizar uma brinquedoteca?

São necessários recursos humanos e materiais, além das normas mínimas para o seu bom funcionamento. Entre os recursos humanos, destaco a necessidade de adultos com formação acadêmica pertinente, capacidades e competências tanto lúdicas e educativo-recreativas quanto organizacionais e gestoras. Entre os recursos materiais, aponto a necessidade de espaços seguros e adequados em tamanho, características e ambientação para permitir e potencializar o jogo, jogos e brinquedos de qualidade, diversos e estimulantes da atividade lúdica infantil. Os brinquedos devem ser dosados em função dos critérios escolhidos, assim como higienizados e adequados às necessidades específicas de seus usuários.


Qual é a diferença entre a brinquedoteca como equipamento cultural e a brinquedoteca escolar?

Os usuários da brinquedoteca escolar são basicamente crianças em idade escolar. Ela deverá ter os espaços, a ambientação, os brinquedos, as normas e propostas lúdicas adequadas à idade, aos interesses e às necessidades lúdicas das crianças, podendo vincular-se também às necessidades dos professores e à aprendizagem escolar dos alunos. Por situar-se na escola, uma brinquedoteca escolar deve poder oferecer jogos que sirvam de material didático na sala de aula, para motivar ou reforçar conteúdos escolares transdisciplinares ou das diversas disciplinas, e potencializar as competências básicas. Uma brinquedoteca em um centro cultural ou cívico é pensada como possibilidade não apenas infantil, mas também juvenil, adulta e familiar, com propostas lúdicas transgeracionais e objetivos de ócio saudável e sustentável, de convivência e coesão cívica e intercultural.


Como selecionar jogos?

Quanto aos brinquedos, devemos considerar sua tripla qualidade: a qualidade do material ou dos materiais com que são confeccionados e de seu acabamento; a qualidade de um desenho que facilite o jogo criativo e diversificado; a qualidade de sua adequação às possibilidades e necessidades lúdicas de seus destinatários. Quanto aos destinatários, devemos considerar sua faixa etária, tanto cronológica quanto maturativa, e a dos companheiros de jogo. Devemos pensar ainda nos espaços de jogo disponíveis, como tamanho, localização, situação, segurança, entre outros aspectos.


Quem pode ser brinquedista? Existe uma formação específica?

Existe uma formação específica na maioria dos países, embora nem sempre os melhores brinquedistas sejam formados. Podemos resumir dizendo que o bom brinquedista é aquele que tem capacidades e competências lúdicas. Ou seja, aquele que vive o jogo, gosta de jogar e transmite aos outros esse gosto e essa curiosidade por aprender e inventar novos jogos e formas de jogar, fazendo isso com empatia, inteligência emocional, intrapessoal, ilusão, pensamento divergente, senso de humor, visão inovadora, confiança, respeito e responsabilidade educacional. Oxalá a sociedade o valorize, porque não é nada fácil!. l


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